O surto de COVID-19 deu um impulso repentino à digitalização de nossas vidas diárias. As medidas para conter a propagação do vírus realmente intensificaram o uso de tecnologias digitais em todas as áreas: trabalho, assistência, serviços bancários e compras, interação social, ensino e aprendizagem, etc.

Se os últimos meses tornaram mais visíveis as oportunidades oferecidas por essas tecnologias, eles também nos lembraram dos desafios que elas podem trazer: desinformação sobre o vírus, novas ondas de tentativas de fraude, discurso de ódio, exclusão digital levando ao aumento da dependência, isolamento social e solidão.

Inclusão digital: uma questão de direitos?

Embora um número crescente de idosos esteja presente na Internet, muitos ainda não conseguem acessar os serviços online para atender às suas necessidades básicas ou permanecer socialmente engajados.

Os idosos que vivem sozinhos correm maior risco de isolamento e de falta de acesso aos bens e serviços necessários durante a pandemia.

A rápida digitalização e a ameaça que a mesma representa para a autonomia e participação na velhice estiveram no centro das discussões da conferência online internacional conjunta “Fortalecendo os Direitos dos Idosos em Tempos de Digitalização – Lições aprendidas com COVID-19”, ocorrida em 2020.

As discussões destacaram que muitos dos desafios que os idosos enfrentam no contexto da digitalização refletem problemas sociais mais gerais que também são predominantes “off-line”: preconceito de idade, diminuição do respeito pela autonomia dos idosos e falta de consulta.

Houve um forte consenso entre os palestrantes sobre a necessidade de fortalecer os direitos dos idosos e de integrar uma abordagem baseada em direitos às políticas de envelhecimento.

Um problema entre gerações

Uma pesquisa publicada em 2020 mostra que a divisão digital entre as gerações é significativa e aumenta com a idade.

Os idosos que não cresceram com computadores e Internet os usam com menos frequência em comparação às gerações mais jovens, os chamados “nativos digitais”.

No entanto, tal conclusão não deve ser tomada como totalmente correta.

Estatísticas mostram que nem todos os jovens são “nativos digitais”; muitos deles precisam de habilidades digitais mais avançadas, por exemplo, no que diz respeito à proteção da privacidade. Vemos que a ligação entre o uso da internet e a alfabetização digital não deve ser feita muito rapidamente.

Num contexto em que apenas uma pequena parcela da população total tem mais do que competências digitais básicas, melhorar as competências digitais para toda a população deve ser uma das principais prioridades políticas.

No entanto, são necessários mais esforços para o digital chegar efetivamente aos idosos, em particular aqueles que vivem em áreas rurais, e/ou com limitações físicas, como visão e mobilidade, por exemplo.

Embora possamos esperar uma redução do fosso digital no futuro, a questão da alfabetização digital provavelmente também preocupará as futuras gerações mais velhas, uma vez que novas ferramentas surgirão e desafiarão o conhecimento e as habilidades atuais.

É por isso que a aprendizagem ao longo da vida e a interação intergeracional precisam ser fortalecidas estruturalmente.

Cobremos, portanto, dos nossos governantes, cada vez mais ações e projetos voltados para a inclusão digital dos idosos, a curto, médio e longo prazo.

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